domingo, 27 de março de 2016

Marry me



Saiba que existe em mim uma dor forte e profunda por não poder cuspir todo esse ardor 
que nem mesmo sei de onde veio.

Todo o amor que ainda nem mesmo sei se sinto.

É triste ser um ser assim, tão indeciso.
Ainda nem mesmo sei se mais triste para mim, ou para quem espera pelo que sinto.

Me desculpe se um dia desses eu nos envenenar,
quando ainda nem mesmo souber definir se morreremos por amor ou pelo agridoce do meu egoísmo,
que disfarço agora nesse pedido.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Escribã


Só a escrita me liberta
do vazio e da dor da incompreensão. 

A escrita me liberta de uma passagem fugaz por esse mundo,
com ela, e muitas vezes, só com ela, posso me fazer entender.
Mais que isso, ela consegue mostrar ao mundo o que o meu silencio tem a dizer.

Só ela é capaz de amenizar o abismo que a falha da minha voz perpetua.

Milhares de ondas sonoras me recusei a emanar calando gritos,
mas a velocidade do som que me desculpe, a força da minha voz protestante 
encontra mesmo aconchego, é sendo transcrita nos livros dessa estante.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

tragar a dor



Um maço de Malboro vermelho para essa noite, por favor.
Preciso da sensação de matar algum tempo.

Vou tragar a morte para reacender a esperança.
Inalar fumaça para nublar minhas lembranças de nós dois.

Talvez o whisky derreta o gelo que você me deu,
com sorte esquenta o espaço frio em que você criou.

Tô querendo mais uma vez me entorpecer.
Subir na mesa e rir da minha dor,
depois chorar feito criança órfã de amor.

Eu quero um tempo para sentir a dor, remoer, mastigar e cuspir
esse gosto amargo que você deixou.